Democracia processo que avançar cautelosamente

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Há cerca de trinta e três anos que Angola desejou ser um país onde a democracia fosse a base política e a essência do seu estado. Um estado democrático de direito, mais propriamente. 

Para ser fiel ao texto da Constituição da República de 2010, “A República de Angola é um Estado Democrático de Direito que tem como fundamentos a soberania popular, o primado da Constituição e da lei, a separação de poderes e interdependência de funções, a unidade nacional, o pluralismo de expressão e de organização política e a democracia representativa e participativa”.

Tem sido, com toda a certeza, um exercício de esforço para se alcançarem os níveis desejados. O exercício tem e deve continuar a ser feito por todos, pondo de parte complexos e vontades pouco condizentes com os objectivos que se pretendem alcançar.

É sabido que nada se consegue mudar do dia para a noite. Também é sabido, no entanto, que se não se derem passos visíveis na direcção pretendida, difícil se torna acreditar que esses passos estejam de facto a ser dados.

Depois de uma trintena de anos, paciência e celeridade, fazem um binómio difícil de gerir, sobretudo quando combinado com outro: ansiedade e interesses.

A necessidade de os angolanos em todas as latitudes perceberem que há cerca de três décadas já foi feita a mudança, é tão importante para o processo em que o país está mergulhado, quanto para o alcance o sonho de dias melhores.

Percebe-se claramente que as resistências e a não-aceitação dos avanços do processo ainda fazem os temas de conversa e de planificação de acções de pessoas e de grupos de pessoas.
 
Um inquérito levado a cabo pela Ovilongwa – Estudo de Opinião, revela dados a reter e a sugerir o quanto há ainda por fazer.

A título de exemplo, o inquérito revela um equilíbrio entre os Angolanos que preferem “alternância de poder” (43%) e os que preferem o domínio de um único partido (42%). Essa é uma realidade que abraça também os escolarizados e os que residem nas grandes cidades.

O estudo revela que até ao primeiro trimestre deste ano, 45% dos inquiridos considera que a democracia é preferível a qualquer outro tipo de governo. 22% diz pouco se interessar com qual tipo de governo Angola pode ter. Contudo, 16% dos angolanos está convencido de que em algumas circunstâncias um governo não democrático é preferível.

Comparado com os dados dos anos em que a instituição levou a cabo outros inquéritos, os número mostram-se interessantes. No caso da preferencia da democracia a qualquer outra forma de governo, em 2019, só 37% dos angolanos era dessa preferência. Em 2022 a percentagem foi para 47% e dois anos depois baixou dois porcento.
 
Em relação aos que sustentam a existência de um governo não democrático, em determinadas circusntâncias, a percentagem mais alta está em 2019, 23%. Ela baixa para 15% em 2022 e volta a subir em 2024 para os 16%.

Os números, de quem não se importa com o tipo de governo a existir em Angola, está mais ou menos ao mesmo nível. Em 2019 eram 22% dos inqueridos, em 2022 esse número subiu para 24% e voltou a baixar para 22% em 2024.

Se por um lado o inquérito mostra pessoas que conseguem dizer o que pensam, por outro revela a existência de falta de informação e de medo em dizer o que se pensa. Em 2019 a percentagem dos que não souberam e/ou se recusaram a responder, foi de 17%. Por altura do segundo inquérito, isso em 2022, a percentagem baixou para os 14%, e a mesma voltou a subir em 2024, igualando a de 2019.

Os dados aqui apresentados são do inquérito da Ovilongwa – Estudos de Opinião Pública –, parceira do Afrobarometer, que foi realizado entre os dias 27 de Março e 19 de Abril de 2024. Nele, foram ouviu cidadãos com idade igual e acima dos 18 anos.

A amostra foi de 1.200 pessoas, com uma margem de erro de +/- 3 pontos percentuais. O nível de confiança é de 95%.