Crescimento do fundo do poço da pobreza continua
Descrição
A pobreza continua a ser uma realidade que ao que parece ainda vai permanecer entre os angolanos por muito mais tempo, caso nada se faça para se inverter o quadro.
Vários programas foram anunciados e outros implementados, contudo o quadro ainda preocupa, de triste que é. Duas leituras neste particular podem ser feitas: ou a situação de pobreza era aterradora e os programas conseguiram trazê-la para apenas um nível de medo, ou então os programas não geraram os resultados desejados e por isso se vai descendo cada vez mais.
São cerca de 46% de angolanos, hoje, a viver em extrema pobreza – mais 11% em relação a 2019 –, quando faltam apenas seis anos para 2030, marco estabelecido pela ONU para se chegar a redução da pobreza no mundo.
Um quadro que poderia ser tido como produto de uma ilusão óptica, não fosse os vários dados que são divulgados com alguma regularidade por organizações e por instituições atentas ao fenómeno.
A Ovilongwa – Estudos de Opinião Pública –, parceira do Afrobarometer, é uma dessas organizações e este ano conduziu um inquérito nos meses de Março e Abril, durante o qual procurou saber com que frequência as pessoas inqueridas tinham estado sem o necessário para a satisfação das necessidades básicas.
O resultado permitiu apurar que até Abril deste ano, 46% dos angolanos vive em pobreza extrema, 30% em pobreza moderada e que 24% vive sem pobreza ou em um “nível de pobreza muito baixo”, isto é fraca pobreza.
Olhando para as quatro regiões do país, a região centro (Benguela, Bié, Cuanza Sul e Huambo) é a que melhor está, com 48% de pessoas a viver em extrema pobreza. A que em pior situação está é a região leste (Cuando Cubango, Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico), onde o nível de pobreza extrema chega aos 64%. As outras duas regiões – norte (Cabinda, Uíge e Zaire) e sul (Cunene, Huíla e Namibe) – estão com 51% e 54% de pessoas a viver em pobreza extrema, respectivamente.
Nas três principais províncias de Angola, um aparente equilíbrio entre “Pobreza Extrema”, “Pobreza Moderada e “Fraca Pobreza” aparece só na capital do país, Luanda. Aqui os números mostram que 30% dos habitantes vive em Pobreza Extrema, 31% em Pobreza Moderada e 40% vive em Fraca Pobreza.
As duas outras províncias estão com um quadro ligeiramente pior. Benguela tem um nível de Pobreza extrema na ordem dos 44%. A Pobreza Moderada chega a 29% e a Fraca Pobreza fica pelos 28%. A Huíla está apenas com 10% de Fraca Pobreza, tem 33% de Pobreza Moderada e 56% dos seus habitantes a viver em Extrema Pobreza.
Os desníveis são grandes e tendem a continuar a crescer. O interessante é ver que a esmagadora maioria vive no Condomínio da Pobreza, divididos apenas por níveis: Extrema, Moderada e Fraca. É preciso não esquecer que segundo a Organização das Nações Unidas, qualquer pessoa com um rendimento inferior a 1,25 dólares por dia, está em Extrema Pobreza.
O inquérito da Ovilongwa – Estudos de Opinião Pública – foi realizado entre os dias 27 de Março e 19 de Abril de 2024, ouviu cidadãos com idade igual e acima dos 18 anos.
A amostra foi de 1.200 pessoas, com uma margem de erro de +/- 3 pontos percentuais. O nível de confiança é de 95%.