Angola: Desemprego e Ansiedade

Notícias
Desemprego Angola

Descrição

O segundo semestre de 2020 está a colocar questões de difícil solução num curto espaço de tempo. As condições criadas para se evitar chegar ao descontrole demoram a entregar os resultados preconizados e a paciência começa a mostrar os seus limites.

Entre as questões mais difíceis estão aquelas ou ligadas ou que assentam sobre o desemprego. Política e imaginação continuam a ser exigidas a cada mês que passa. 

Globalmente, parece ser suficiente o leque de razões apresentado para explicar a situação na qual se encontra o mundo. O carro chefe continua a ser a pandemia e as suas variantes. Alguns conflitos esporádicos em África e na Ásia contribuem com elementos para que a compreensão fique facilitada, quando se trata de explicar casos específicos. 

Contudo, nalguns casos, as razões globais não parecem suficientemente hábeis para responder às situações locais, ou simplesmente não têm percentagem total quando pretendem tê-la para responder a questões precisas. Dai haver cobranças em tom cada vez mais altos e que, ao não serem atendidas por quem de direito, são levadas a certos extremos.  

No caso concreto de Angola, e tendo em conta a nota de imprensa divulgada pela Ovilongua - Estudos de Opinião Pública, parceiro do Afrobarometer, já os angolanos davam uma nota muito baixa ao desempenho do governo. Um dos quesitos em que foram bastante críticos é o que se refere a política de criação de emprego. Aqui 75% dos inquiridos qualificaram como sendo “mau” ou “muito mau” o desempenho do governo. 

Os dados mostram que os residentes em Luanda e Cabinda foram os mais críticos em relação a forma como o governo está a lidar com a matéria “criação de empregos”. Os dados foram os seguintes: 88% dos cidadãos em Luanda disse que o desempenho nesse particular é “mau” ou “muito mau”, 7% disse que é “bom” ou “muito bom” e 5% recusou-se a responder ou disse não ter opinião formada. Em Cabinda, 90% dos cidadãos disse ser “mau” ou “muito mau”, 8% disse ser “bom” ou “muito Bom” e 2% disse não saber ou não ter opinião formada.

O inquérito que foi realizado entre os dias 27 de Novembro e 27 de Dezembro de 2019, ouviu cidadãos com idades acima dos 18 anos.  Olhando para os dados obtidos, aqueles que estão entre os 18 e os 45 anos foram os que mais criticaram as políticas do governo no que toca a criação de empregos. O índice de desaprovação está fixado acima dos 70%.

A situação criada pela pandemia tem sem sombra de dúvidas uma quota de contribuição no actual momento que Angola vive. Discute-se se ela agravou ou apenas revelou a fragilidade das várias políticas governativas, dentre elas aquela relativa a criação de emprego. 

O Virus chegou ao país no primeiro trimestre de 2020 e obrigou as autoridades a fazer reajustes nas suas políticas e estratégias de governação. A resposta para conter o avanço do vírus mortal foi pronta e está a surtir efeitos, até ao momento, apesar do crescer de casos registados desde o mês de outubro. 

Respostas são exigidas ao governo e poucas chegam. Algumas das que chegam são muito parcialmente aceites. A pressão social é grande e o governo vai ter de lidar com ela. É ao governo que se podem pedir explicações e a mais ninguém. O desemprego continua a crescer e não há ainda um até quando para reverter tal situação. Pede-se calma aos que procuram respostas imediatas para a situação da falta de emprego. Exige-se rapidez de acção por parte de que tem de responder e/ou explicar à situação.

Em todo esse jogo de espera, espera-se que a paciência de uns e de outros tenham os limites ainda muito distantes.